Boca repete ‘invasão argentina’ em formação de jogadores no Brasil
Libertadores, a chamada “invasão argentina”, outra movimentação xeneize – esta consideravelmente mais silenciosa – já tem se espalhado pelo país nos últimos anos.
Boca Juniors concentra no Brasil a maior parte das franquias de escolas de futebol que levam o nome do clube. Atualmente são 62, a última delas inaugurada em maio, em São Vicente, no litoral paulista.
Há cinco anos, em 2018, o projeto abrigava 39 espalhadas por diversos estados. Atualmente, já supera a Meninos da Vila, do Santos, uma das mais reconhecidas marcas de formação jogadores do país. Em seu site oficial, o clube paulista registra 55 escolinhas.
“Depois que saí do Santos [no fim de 2009] estava um pouco desgastado com o mercado de escolas de futebol. Achava amador para tamanha importância, os clubes não enxergavam como um negócio. Faziam apenas porque tinham que fazer”, disse à PLACAR Higor Nunes do Santos, sócio-proprietário da DFS Gol Business, empresa gestora das franquias do Boca no Brasil.
O elo Brasil-Argentina nasceu em outubro de 2010. A mesma DFS havia liderado o projeto de Meninos da Vila no Santos, entre 2007 e 2009.
“No primeiro momento procurávamos uma marca europeia. Não imaginava que o Boca tinha esse projeto, se teria interesse de entrar no Brasil e, principalmente, qual seria a aceitação do brasileiro com a marca”, explica.
A indicação curiosa surgiu em uma visita de um antigo franqueado do Santos à Buenos Aires. O clube procurava expandir o projeto internacional e queria parceiros internacionais.
“Fizemos uma pesquisa e vimos o quanto a marca era respeitada. A imagem de rival ficou para a geração mais antiga. A atual idolatra a raça em vencer, a energia da torcida, a mística de La Bombonera. Foi dali que tive a decisão de trazer para o Brasil”, argumenta Fernandes.
Espalhadas por 13 estados, as unidades hoje atendem pouco mais de dez mil alunos. Anualmente, coordenadores do clube vem ao Brasil para explicarem conceitos sobre gestão da franquia e como enraizar a melhor face do perfil bostero.
Na “cartilha”, há uma reprodução de parte da filosofia do clube na metodologia de desenvolvimento de um jogador: respeitar a evolução natural do jogador, sem induzi-lo. Os treinos são integralmente realizados com bola.
“Aliamos a metodologia oficial de treinamentos técnicos e táticos com atividades lúdicas de iniciação esportiva, formando atletas completos e preparados não somente para os campos, como também para vida”, promete em seu site oficial.
O projeto ainda oferta aos garotos que chamam atenção a condição de passarem por períodos de treinamento no Boca. A ideia não é fornecer atletas ao clube uma vez que a Fifa proíbe transferências para outros países a jovens menores de idade.
O rosto mais conhecido a passar pelas escolinhas foi o do volante Thiago Maia, hoje no Flamengo, que jogou na primeira unidade, localizada no bairro da Penha, em São Paulo, entre outubro e dezembro de 2010. Pouco depois, foi para o Santos.
“Ele só não foi para a Argentina porque na mesma semana em que foi selecionado foi aprovado no Santos. Obviamente que migrou para lá, até pela perspectiva”, explica Carlos Júlio Pierin, diretor da DFS. “Projetamos muitos que participaram”, completa.
O custo para um franqueado é de 35 mil reais, valor da taxa de adesão, mais 10% de royalties mensais pelo uso da marca, além de adequações em estrutura física, compra de materiais, equipamentos, identidade visual e a capacitação dos profissionais – que pode ser feita tanto no Brasil como na Argentina.
Segundo estimam, no país o projeto só está abaixo do Chute Inicial, do Corinthians, e das Escolas do Flamengo. A meta é ultrapassar as 100 unidades.
“Nunca trabalhamos com outros concorrentes como parâmetro. É bom que fique claro: desde o início [do projeto] decidimos transitar por alguns caminhos que eles não faziam ou que tinham mais dificuldade. Hoje sabemos que temos um quantidade de unidades próxima ao Chute Inicial (do Corinthians)”, conclui Pierin.
Fonte: esporte.ig.com.br