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Jornalista da Globo admite uso de maconha: “Prazer que não termina”

Jornalista da Globo admite uso de maconha: “Prazer que não termina”
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O jornalista da emissora admitiu o uso de maconhaReprodução/Leo Aversa

Em entrevista à revista digital Breeza, especializada na cultura canábica, Nelson Motta abriu o jogo sobre o uso de maconha. O jornalista, que foi colunista do Jornal da Globo por anos, esclareceu que todas as suas obras foram feitas sob o efeito da erva.

“Sempre digo para minhas filhas: ‘Parece um paradoxo, mas é uma regra. Para ser um maconheiro full time, tem de ter uma baita disciplina (…) Talvez essa revelação tenha surpreendido muita gente. Mas eu já tinha um conceito firmado. O cara que pensa ‘pô, decepção, é um maconheiro, eu admirava tanto’… caguei pra ele. É um idiota. O tratamento em relação a mim, não mudou muita coisa, sempre tem gente que se identifica, faz uma abordagem simpática. Sempre vem um garoto e me põe um baseado no bolso. Eu gosto disso. Acho bacana. Ao mesmo tempo, também, achei que haveria a hora de botar isso. Tenho vontade da falar isso faz cinquenta anos. Mas se falasse isso de 1964 a 1983, ou até antes do golpe militar, seria preso no Brasil. Incitar drogas, ia dar uma merda colossal. O Brasil, como sempre, está muito atrasado. Não está, é. É de nosso caráter. Último país a acabar com a escravidão. A gente sempre fica no último vagão do trem, né? Isso é bem chato”, esclareceu.

O jornalista contou que já compôs mais de 300 canções para estrelas como Erasmo Carlos, João Donato, Rita Lee, Jota Quest, Lulu Santos e tantos outros sob efeito de maconha. 

“Eu adoro fumar para trabalhar. Para escrever um texto, uma crônica, qualquer trabalho. Se eu tiver de fazer de cara limpa, faço, mas é um sacrifício. Se faço na brisa, brisado, é um prazer que não termina. Essa é a grande diferença para mim. E desconfio que as coisas feitas com prazer, saem melhores. Então, minhas coisas saem melhores under the influence, que é uma expressão americana terrível. Antidroga, para falar que fulano foi preso under the influence. Olha, eu fico com a Rita Lee nessa história. Ela disse que tudo que escreveu na vida dela, músicas, crônicas, sete livros infantis, biografia, tudo foi sob a influência. Eu posso dizer a mesma coisa. Letra de música, livros, tudo desde meus 23 anos. Faz parte do meu metabolismo. Do meu metabolismo criativo, digo”, acrescentou.

“Um post que fiz sobre cannabis, bem sério, texto todo argumentado, difícil rebater sem ser com preconceito. Esse não deu muita margem para falarem ‘esquerdista, maconheiro’, sem clima para isso. Mas teve vários, olha que loucura, falando assim ‘realmente, tem toda razão, o uso da cannabis medicinal é um avanço; mas recreativo, não, nem pensar’. Quatro ou cinco pessoas comentaram mais ou menos a mesma coisa. Me dei ao trabalho de responder: ‘Sabe do que está falando? Que uma coisa deve ser liberada por fazer bem, mas não por dar prazer. Se der prazer, aí é crime, é pecado, contravenção. Católico isso. Não pode dar prazer’. Totalmente cristão isso. Tive redução jesuítica, sei do que estou falando”, relembrou.

“Acho que geralmente tem [consequência negativa]. Se sua imaginação já tá numa bad vibe, só vai piorar (…) Brevíssimos períodos. Para não complicar minha cabeça. Estava com problemas afetivos, num bode total, não queria dar mais gás para a minha imaginação. Não foi mal, também, não. Foi a coisa certa”, admitiu.

O artista ainda relembrou os momentos que fumou maconha com outras celebridades: “Foi com o João Gilberto, né? E Tim Maia, né? A glória! Já fumei com Tim Maia. Isso era uma glória! Você morria de rir. O cara era garantido. Diversão garantida. Os baseados que ele enrolava, as coisas que ele falava. No outro posto, João Gilberto, ali com a cannabis oriental, zen. Totalmente zen, absurdamente zen. Minimalismo total, paz absoluta. Em busca daquela perfeição sonora. Ambiente de quase meia estação pra ele. Já o Tim Maia, era explosão (…) O Gilberto Gil fumava maconha diariamente até os 50 anos de idade. Você vê um cara como Lulu Santos, que é uma chaminé humana. Toda a obra colossal do Lulu é em parceria com a boa e velha cannabis”.

*Texto de Júlia Wasko Júlia Wasko é estudante de Jornalismo e encantada por notícias, entretenimento e comunicação. Siga Júlia Wasko no Instagram: @juwasko

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