Especial Mulher: Lilian Gonçalves celebra 60 anos de empreendedorismo
Lilian Gonçalves, empresária que descobriu sua veia empreendedora aos 12 anos, em Brasília, cidade onde passou parte de sua infância e adolescência. Entretanto, foi na metrópole paulistana, que a mineira decidiu escrever importantes capítulos de história, marcada em especial pela consolidação da Rede Biroska, que lhe condecorou com o título de “Rainha da Noite Paulistana”, quando comandava 17 estabelecimentos na cidade.
A persistência e a perseverança pontuam a trajetória composta por vitórias da jovem, que chegou à capital fugida da família e, como nas fábulas, a plebeia virou rainha, porém com horas e horas de muito trabalho. A entrada no segmento que na época era composto, majoritariamente, por empresários do sexo masculino e uma jovem menina loira passava a chamar a atenção tanto pela beleza, quanto pelo seu modo esperto e ligeiro para atender a clientela. Ao longo de 60 anos de história no setor de bares e restaurantes, muitas das ações desenvolvidas pela empresária contribuíram para transformação e evolução da noite paulistana, sendo uma das principais colaboradoras para o desenvolvimento econômico do bairro de Santa Cecília, região central onde mantém seus investimentos, inclusive com o anúncio de uma nova empreitada, a inauguração do “Kara a Kara Karaokê”, um prédio com 13 salas exclusivas e capacidade para receber 600 pessoas.
Natural de Minas Gerais, Lilian passou parte da infância e adolescência na capital federal, Brasília, onde morou na residência do presidente Juscelino Kubitschek (JK), local de trabalho de sua mãe, Dona Maria, cozinheira do então Presidente da República. Com 16 para 17 anos, ela chega à ‘selva de pedra paulistana’ para dar início a sua trajetória como mulher, mãe, esposa e empreendedora. “Em minha mala trouxe apenas dois vestidos e ao descer do ônibus, após uma viagem cansativa, não sabia para onde ir. Uma luz, que não sei explicar, me direcionou e comecei a caminhar, chegando até a Rua Jaguaribe, onde consegui me abrigar em uma pensão. Próximo ao lugar, na Avenida Rio Branco pedi emprego em um restaurante e comecei a trabalhar como garçonete”, relembra Lilian Gonçalves, que pouco tempo depois empreenderia no Kalynca Bar e Lanches e lanchonete Toca da Angélica.
Mas foi no início da década de 1970, ao passar pela esquina das ruas Canuto do Val com a Dona Veridiana, na Santa Cecília, que viu uma placa de um sobrado (bar) onde sinalizava “Passa-se o Ponto”. Após negociação com o proprietário, ela conseguiu comprar o espaço com pagamento dividido em muitas prestações. Ali, nascia a sua “Biroska – A Casa dos Artistas”, bar com música ao vivo que se tornou um ponto emblemático da cidade e da história da música brasileira.
“Quando cheguei em São Paulo, olhei tantas coisas, tanta gente e mentalizei que era aqui que me tornaria que conquistaria meu futuro. Quando deixei Brasília tinha o sonho de ser atriz, ganhar fama e também queria continuar no mundo dos negócios, pois lá havia deixado para trás meu pequeno boteco na cidade de Tabatinga. Tinha que contribuir com o sustento de minha família e foi o modo que encontrei, mas foi em São Paulo que fiz a diferença e conquistei meus sonhos”, destaca a empresária.
A Biroska – Casa dos Artistas deu início a um portfólio extenso conquistas empreendedoras, com espaços memoráveis que em suas épocas se consagraram points do público, como “Chiquita Bacana”, “Poseidon”, “Sucata”, “Bastidores”, “Viva Maria”, “Scandal”, “Espetinho”, “Coconut Brasil”, entre outros. Atualmente mantém o comando de quatro casas, o “Bar do Nelson”, “Siga la Vaca”, “Frango com Tudo”, “Japan Tower” e, logo mais, o “Kara a Kara Karaokê”, além da gestão à investimentos no mercado imobiliário e uma rede de estacionamentos.
Na região central, a aposta da empresária serviu como motivação e exemplo para o empreendedorismo de outros investidores, que apostaram em um bairro, na época, vitimado pela deterioração. Suas ações levaram à região o entretenimento e a vida noturna, com a importante geração de empregos que impulsionaram a movimentação econômica e desenvolvimento da Economia Criativa, termo utilizado em tempos atuais, que já era realizado pela empresária naquela época. “Hoje o mercado muito, a Santa Cecília está com uma nova cara. Fico contente em saber que dei início a essa transformação, pois vejo o respeito que todos que aqui chegam tem comigo”, lembra.
Pelo logradouro, antes da pandemia da covid-19, a empresária atingiu índices marcantes, como o atendimento superior a 100 mil pessoas em um mês, picos de 10 mil clientes no final de semana; 600 funcionários, funcionamento 24 horas. Com presença nos principais guias turísticos nacionais e internacionais, sua Canuto do Val (como ela mesmo chama), conquistou o público pela segurança, pelo atendimento e tapete vermelho, por onde desfilaram milhares de famosos e celebridades, personalidades políticas e empresariais, nomes da sociedade, formadores de opinião, jornalistas, entre outras pessoas.
“Como disse, gosto dos desafios. Poderia parar tudo, pois já escrevi minha história, mas sou resistente e acredito que os bons tempos voltaram a reinar na região. A Santa Cecília me fez quem eu sou e tenho essa gratidão. Também tenho conhecimento da minha importância a centenas de funcionários, que aqui contam com o ganha pão familiar. Até por isso decidi fazer esse novo investimento, uma nova casa de karaokê, que somada com as demais, transformará a Canuto do Val no maior complexo de karaokê do país. E aqui, diferente de outros lugares, posso afirmar que é a rua mais segura de São Paulo, pois contamos com segurança 24 horas por dia”, finaliza Lilian Gonçalves, a Rainha de São Paulo.